Após mudanças políticas, Opaq exige que a Síria declare e elimine armas químicas

Com o fim do regime de Assad, a Opaq pretende intensificar o monitoramento das instalações suspeitas

Após mudanças políticas, Opaq exige que a Síria declare e elimine armas químicas
© UNICEF/Ninja Charbonneau Edifícios destruídos na cidade de Aleppo, na Síria, onde supostamente foram utilizadas armas químicas. (arquivo)




Após mudanças políticas, Opaq exige que a Síria declare e elimine armas químicas









Agência internacional aponta uso de armamento químico em múltiplas ocasiões e reforça a necessidade de cooperação do país árabe para cumprimento da Convenção de Armas Químicas

O Conselho Executivo da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), com sede em Haia, na Holanda, reuniu-se em sessão extraordinária para discutir a situação da Síria e as pendências relacionadas ao programa de armas químicas do país. A reunião, realizada em 8 de dezembro, ocorreu no contexto de uma mudança significativa no cenário político sírio, com a queda do regime de Bashar al-Assad.

Uso de armas químicas e falta de declarações completas

Em comunicado divulgado na quinta-feira, a Opaq afirmou que a Síria ainda não forneceu uma declaração completa sobre seu programa de armas químicas, conforme exigido pela Convenção de Armas Químicas, da qual é membro desde outubro de 2013. Segundo a agência, existem evidências de que armas químicas foram utilizadas em "múltiplas ocasiões" no país, representando uma grave violação dos compromissos assumidos.

Fernando Arias, diretor-geral da Opaq, destacou que a nova fase política na Síria traz uma oportunidade para avançar no desmantelamento completo do programa de armas químicas. Ele enfatizou que, apesar da fragilidade da situação política e de segurança, a meta da agência permanece clara: eliminar todo o arsenal químico sírio e garantir a prestação de contas pelos crimes cometidos com o uso desse tipo de armamento.

Reforço na cooperação e monitoramento

Com o fim do regime de Assad, a Opaq pretende intensificar o monitoramento das instalações suspeitas e estabelecer um canal de comunicação eficaz com as novas autoridades de facto. O próximo passo, segundo Arias, será enviar uma equipe de peritos ao país assim que as condições de segurança permitirem.

A agência espera que a nova liderança síria colabore plenamente, permitindo a verificação do desmantelamento do programa e fornecendo informações sobre os responsáveis pelo uso de armas químicas. A prestação de contas é considerada essencial para o cumprimento das obrigações internacionais assumidas pela Síria em 2013.

Histórico de adesão e desafios persistentes

Ao aderir à Convenção de Armas Químicas, a Síria comprometeu-se a nunca possuir ou utilizar esse tipo de armamento e a declarar integralmente seu programa. No entanto, passados 11 anos, a Opaq ainda enfrenta desafios significativos para verificar o cumprimento dessas obrigações.

O uso de agentes químicos tóxicos em conflitos foi amplamente documentado por investigações conduzidas pela Opaq e outras entidades internacionais, reforçando as preocupações sobre a integridade das declarações sírias.

“Hoje estamos mais preparados do que em 2013 para lidar com os desafios, mas é imprescindível que a Síria prove seu compromisso, eliminando o que resta do programa de armas químicas e cooperando plenamente com a comunidade internacional”, afirmou Fernando Arias.

A Opaq continuará trabalhando para garantir que a Síria cumpra suas responsabilidades, contribuindo para a segurança global e a proibição definitiva do uso de armas químicas.

Fonte: Nações Unidas