Disparada da inflação pode corroer lucros no Tesouro IPCA+? Veja o que fazer
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A renda fixa oferece, em geral, segurança e estabilidade aos investidores. Isto, porém, não significa que quem aplica em títulos de dívida não possa ter surpresas na carteira. O Tesouro IPCA+, “queridinho” dos alocadores em 2024, é um exemplo: apesar de oferecer proteção contra a inflação, não está imune a um cenário de disparada desenfreada de preços ao consumidor.
Isso quer dizer que, apesar de ser indexado ao IPCA, uma alta repentina do índice pode acabar reduzindo o juro real oferecido pelo papel. Entenda, a seguir, como se dá a remuneração dos títulos públicos atrelados à inflação e veja como antecipar movimentos no portfólio se o cenário macroeconômico piorar – e se vale mesmo perder o sono por conta disso.
Efeito do IR na alta da inflação
O rendimento de um título do Tesouro IPCA+ é composto por dois fatores: a inflação e uma remuneração prefixada pelo Tesouro no momento da compra. Hoje, a parte prefixada da remuneração está na faixa dos 6,35% ao ano.
A possível cilada está no pagamento de Imposto de Renda. Após receber o montante aplicado corrigido pela inflação e com o acréscimo de juros, o investidor deve pagar o IR em cima do ganho de capital. E é aí que seu rendimento líquido pode diminuir: o IR é cobrado pelo valor total ganho, seja de inflação ou de juro.
Logo, se a inflação subir, o montante de Imposto de Renda também sobe, o que vai diminuindo o lucro líquido do investidor.
Simulação
Traduzindo em números, se um título do Tesouro IPCA+ oferece juro real de 6,35% ao ano e a inflação sobe 4% ao ano, o rendimento líquido da aplicação, descontando o IR devido, será de 4,8%. Em outro cenário, se a inflação surpreende e sobe para 10%, o rendimento final do mesmo título cai para 4%.
Veja, nas tabelas abaixo, como o rendimento líquido de uma aplicação no Tesouro IPCA+ diminui conforme a inflação avança:Juro real de 5% Inflação Rendimento líquido 3% 3,81% 4,50% 3,60% 6% 3,40% 8% 3,14% 10% 2,89% Juro real de 6,5% Inflação Rendimento líquido 3% 5,09% 4,50% 4,88% 6% 4,68% 8% 4,41% 10% 4,16%
Como se proteger
Um boom inflacionário não é cenário esperado por ninguém, mas o investidor que quer se proteger desse efeito pode fazer ajustes na carteira. Um deles é comprar títulos mais longos. “O impacto do Imposto de Renda em um eventual choque inflacionário é mais preocupante em vencimentos curtos, de até dois anos”, diz Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez.
Ter vencimentos mais longos na carteira ajudaria o investidor a distribuir o peso da inflação ao longo dos anos, já que os preços dificilmente subiriam 10% ao ano por uma década, por exemplo (algo que seria digno de conjuntura catastrófica). A tendência seria de queda da inflação após um pico, já que o Banco Central subiria os juros para conter a alta dos preços.
Títulos de curto prazo
Para quem tem títulos com vencimentos mais curtos, nem tudo estaria perdido. “Com a inflação mais alta, provavelmente o prêmio de risco para investir no País subiria, então, após o vencimento do título, seria possível alocar em títulos com juro real maior”, o que compensa a alta da inflação, explica Fabrício Silvestre, analista de renda fixa da Levante Corp. Nas contas de Michael Viriato, estrategista da Casa do Investidor, se o juro real sobe para 7,5% ao ano com inflação anual de 10%, o ganho líquido ainda é de 5%.
E mesmo em um cenário de alta inesperada da inflação, os títulos atrelados ao IPCA são a melhor proteção na renda fixa. “Os prefixados não teriam como concorrer com os títulos de inflação, já que o rendimento deles seria engolido pela inflação, já os pós-fixados passariam a pagar mais com BC subindo juros, mas o movimento pode demorar”, diz Silvestre.
Cuidado com títulos longos
Apesar do risco de ter o rendimento menor, os especialistas dizem que isto não deve tirar o sono dos investidores: “não é a principal das preocupações”, segundo Silvestre. Com essa visão, o investidor pode ponderar a importância da proteção contra o efeito do IR na carteira, já que os títulos com vencimentos longos são considerados mais voláteis, o que também pode acrescentar risco ao portfólio.
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