Europa prepara missão para asteroide que pode ter partículas arrancadas pela gravidade da Terra
Segundo cientistas, não há riscos iniciais de colisão do 'Apophis' com o nosso planeta, mas a Agência Espacial Europeia (ESA) enviará uma sonda para estudá-lo. Asteroide atingirá seu ponto mais próximo da Terra em 13 de abril de 2029, a 38 mil quilômetros de distância. Impressão artística do asteroide (99942) Apophis. ESA A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) anunciou nesta terça-feira (16) que irá lançar uma missão de "defesa planetária" para o asteroide 99942 Apophis, corpo celeste de 370 metros de diâmetro que passará relativamente próximo da Terra em 13 de abril de 2029. Apelidada de Ramsés, a missão faz parte do programa de Segurança Espacial da ESA e tem como intuito estudar o asteroide durante sua passagem excepcionalmente próxima ao nosso planeta. ????SEM RISCO DE COLISÃO: Hoje, segundo a análise de astrônomos da Nasa não há risco algum de o Apophis atingir diretamente a Terra por pelo menos um século. Apesar disso, estudos indicam que ele pode ter partículas arrancadas pela gravidade do nosso planeta. A ideia da ESA é lançar uma sonda que observará como a gravidade da Terra afeta Apophis para melhorar as estratégias de defesa contra possíveis ameaças de outros asteroides no futuro. Por isso, na missão, os cientistas analisarão os possíveis efeitos da sua aproximação, como influências na sua trajetória e no seu ângulo de inclinação, entre outras características. "Pela primeira vez, a natureza está trazendo um até nós e nos conduzindo ela mesma um experimento. Tudo o que precisamos fazer é observar como o Apophis é esticado e comprimido por fortes forças de maré que podem desencadear deslizamentos de terra e outras perturbações [na Terra]", afirmou em um comunicado Patrick Michel, diretor de investigação do CNRS no Observatoire de la Côte d'Azur em Nice. Nasa lança missão que vai atingir asteroide em teste contra futuras ameaças espaciais Brasileira de 22 anos é premiada após descobrir 25 asteroides em projeto da Nasa A sonda Ramses deve ser lançada em abril de 2028 para chegar ao asteroide em fevereiro de 2029. Para cumprir esse prazo, a ESA pediu autorização para iniciar os preparativos da missão o mais rápido possível, usando recursos já disponíveis. Além da ESA, a Nasa (a agência espacial norte-americana) também estuda a fundo a órbita desses corpos celestes para justamente prever aproximações e probabilidades de impacto. Em 2021, a agência chegou até mesmo a lançar a missão DART, para testar o potencial tecnológico humano contra um asteroide que possa entrar em rota com a Terra no futuro. Segundo a agência espacial americana, diariamente, cerca de cem toneladas de "material interplanetário" caem na superfície da Terra, mas a maioria desses objetos são minúsculas partículas de poeira que são liberadas por cometas (geralmente, os cometas são feitos de gelo e poeira, diferentemente dos asteroides, que são rochosos). O que é um asteroide? Partículas arrancadas Estudos recentes, porém, mostraram que a colisão não é a única possibilidade em eventos de aproximação com esse. Em 2022 cientistas conduziram um conjunto de simulações numéricas para tentar prever como as partículas que orbitam o 99942 Apophis reagirão a diferentes situações e como essas possibilidades podem influenciar o comportamento do corpo celeste. "Como ele vai passar bem próximo da Terra, esse corpo vai sofrer efeitos da gravidade do nosso planeta, que é muito grande em relação a ele. Por isso, a gente fez estudos sobre, por exemplo, a sua superfície e sua órbita, se materiais poderão ser arrancados pela Terra. E o nosso estudo mostra que, sim, isso é possível", afirmou na época ao g1 Othon Winter, coautor do estudo, astrônomo e professor da UNESP de Guaratinguetá. Winter explica que os cientistas ainda não sabem ao certo qual a densidade desse objeto e que isso foi um dos assuntos explorados pela pesquisa. Isso é importante porque quando um asteroide é menos denso, sua gravidade é mais fraca e, dessa forma, é mais fácil que partículas sejam arrancadas de sua superfície. Já quando a sua densidade é maior, o efeito é reverso: ele consegue reter mais partículas. Animação da Nasa mostra trajetória orbital do asteroide 99942 Apophis A partir dessas simulações, concluiu-se que o ângulo de inclinação do asteroide foi maior em baixas densidades do que em altas densidades; além disso, quanto menor a densidade de partículas e quanto maior a pressão de radiação solar, menos partículas permaneceram intactas. "A pressão de radiação é um fenômeno que pode remover partículas pequenas com mais facilidade. Partículas muito pequenas são removidas, mas partículas grandes sobrevivem", aponta Winter. Ou seja, em um cenário onde o Apophis possua baixa densidade, aproximadamente 90% das pedras soltas seriam removidas de sua superfície durante a aproximação da Terra. Além disso, os resultados mostraram que a aproximação do Apophis pode afetar levemente as marés do objeto e causar alguns deslizamentos de terra na superfície do ast


Segundo cientistas, não há riscos iniciais de colisão do 'Apophis' com o nosso planeta, mas a Agência Espacial Europeia (ESA) enviará uma sonda para estudá-lo. Asteroide atingirá seu ponto mais próximo da Terra em 13 de abril de 2029, a 38 mil quilômetros de distância. Impressão artística do asteroide (99942) Apophis. ESA A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) anunciou nesta terça-feira (16) que irá lançar uma missão de "defesa planetária" para o asteroide 99942 Apophis, corpo celeste de 370 metros de diâmetro que passará relativamente próximo da Terra em 13 de abril de 2029. Apelidada de Ramsés, a missão faz parte do programa de Segurança Espacial da ESA e tem como intuito estudar o asteroide durante sua passagem excepcionalmente próxima ao nosso planeta. ????SEM RISCO DE COLISÃO: Hoje, segundo a análise de astrônomos da Nasa não há risco algum de o Apophis atingir diretamente a Terra por pelo menos um século. Apesar disso, estudos indicam que ele pode ter partículas arrancadas pela gravidade do nosso planeta. A ideia da ESA é lançar uma sonda que observará como a gravidade da Terra afeta Apophis para melhorar as estratégias de defesa contra possíveis ameaças de outros asteroides no futuro. Por isso, na missão, os cientistas analisarão os possíveis efeitos da sua aproximação, como influências na sua trajetória e no seu ângulo de inclinação, entre outras características. "Pela primeira vez, a natureza está trazendo um até nós e nos conduzindo ela mesma um experimento. Tudo o que precisamos fazer é observar como o Apophis é esticado e comprimido por fortes forças de maré que podem desencadear deslizamentos de terra e outras perturbações [na Terra]", afirmou em um comunicado Patrick Michel, diretor de investigação do CNRS no Observatoire de la Côte d'Azur em Nice. Nasa lança missão que vai atingir asteroide em teste contra futuras ameaças espaciais Brasileira de 22 anos é premiada após descobrir 25 asteroides em projeto da Nasa A sonda Ramses deve ser lançada em abril de 2028 para chegar ao asteroide em fevereiro de 2029. Para cumprir esse prazo, a ESA pediu autorização para iniciar os preparativos da missão o mais rápido possível, usando recursos já disponíveis. Além da ESA, a Nasa (a agência espacial norte-americana) também estuda a fundo a órbita desses corpos celestes para justamente prever aproximações e probabilidades de impacto. Em 2021, a agência chegou até mesmo a lançar a missão DART, para testar o potencial tecnológico humano contra um asteroide que possa entrar em rota com a Terra no futuro. Segundo a agência espacial americana, diariamente, cerca de cem toneladas de "material interplanetário" caem na superfície da Terra, mas a maioria desses objetos são minúsculas partículas de poeira que são liberadas por cometas (geralmente, os cometas são feitos de gelo e poeira, diferentemente dos asteroides, que são rochosos). O que é um asteroide? Partículas arrancadas Estudos recentes, porém, mostraram que a colisão não é a única possibilidade em eventos de aproximação com esse. Em 2022 cientistas conduziram um conjunto de simulações numéricas para tentar prever como as partículas que orbitam o 99942 Apophis reagirão a diferentes situações e como essas possibilidades podem influenciar o comportamento do corpo celeste. "Como ele vai passar bem próximo da Terra, esse corpo vai sofrer efeitos da gravidade do nosso planeta, que é muito grande em relação a ele. Por isso, a gente fez estudos sobre, por exemplo, a sua superfície e sua órbita, se materiais poderão ser arrancados pela Terra. E o nosso estudo mostra que, sim, isso é possível", afirmou na época ao g1 Othon Winter, coautor do estudo, astrônomo e professor da UNESP de Guaratinguetá. Winter explica que os cientistas ainda não sabem ao certo qual a densidade desse objeto e que isso foi um dos assuntos explorados pela pesquisa. Isso é importante porque quando um asteroide é menos denso, sua gravidade é mais fraca e, dessa forma, é mais fácil que partículas sejam arrancadas de sua superfície. Já quando a sua densidade é maior, o efeito é reverso: ele consegue reter mais partículas. Animação da Nasa mostra trajetória orbital do asteroide 99942 Apophis A partir dessas simulações, concluiu-se que o ângulo de inclinação do asteroide foi maior em baixas densidades do que em altas densidades; além disso, quanto menor a densidade de partículas e quanto maior a pressão de radiação solar, menos partículas permaneceram intactas. "A pressão de radiação é um fenômeno que pode remover partículas pequenas com mais facilidade. Partículas muito pequenas são removidas, mas partículas grandes sobrevivem", aponta Winter. Ou seja, em um cenário onde o Apophis possua baixa densidade, aproximadamente 90% das pedras soltas seriam removidas de sua superfície durante a aproximação da Terra. Além disso, os resultados mostraram que a aproximação do Apophis pode afetar levemente as marés do objeto e causar alguns deslizamentos de terra na superfície do asteroide. Qual a consequência disso para a Terra? O ponto mais próximo da trajetória do Apophis será a 38.000 quilômetros de distância da Terra. Apesar disso, sobre os possíveis efeitos do desprendimento desses materiais, Winter explica que estudos iniciais indicam que essas partículas não irão atingir diretamente o nosso planeta. "Apesar desse asteroide passar bem próximo da Terra, ele passa numa velocidade altíssima. Então as partículas que forem arrancadas de sua gravidade, vão continuar seguindo seu caminho. Seriam como sua cauda. Então a gente ainda está estudando a possibilidade de a Terra cruzar essa região", disse o astrônomo. Apesar dessa possibilidade, Winter destaca que isso não causaria dano nenhum ao nosso planeta, tendo em vista que essas seriam pedras de menos de 1 metro que logo se desintegrariam na atmosfera da Terra. Quando o asteroide foi descoberto em 2004, existia uma chance de 2% de impacto com a Terra, contudo, conforme explica Thiago Signorini Gonçalves, astrônomo da Universidade Federal do Rio de Janeiro que não teve relação com o estudo, observações de radar já descartaram esse hipótese. "Esse impacto seria bastante sério, não o suficiente para exterminar os humanos, mas com certeza uma catástrofe grande. Com o tempo, os cientistas foram capazes de analisar melhor a órbita desse objeto e hoje a gente sabe que ele não vai mais se chocar com a Terra", disse. Nasa divulga imagem de nova fase de alinhamento do telescópio James Webb Novo foguete lunar da Nasa começa jornada a caminho da plataforma de lançamento Hoje, segundo análise de astrônomos da Nasa não há risco de o Apophis atingir a Terra por pelo menos um século. "Esse é um problema de poucos dados. Causa um alvoroço. Você vê apenas um pequeno pedaço de sua movimentação no céu. Quando extrapolamos isso para frente, o erro é muito grande. Com o passar do tempo, mais dados foram obtidos, as informações sobre a órbita foram melhorando e aí vimos que a chance de colisão diminuiu bastante", aponta Winter. Signorini acrescenta que é bem raro um asteroide passar tão próximo da Terra como o Apophis passará e que isso vai ser bastante interessante do ponto de vista científico, pois diversas observações detalhadas poderão ser conduzidas. "Os asteroides são objetos interessantes de se estudar pois eles são uma relíquia da formação do nosso sistema solar", diz. "E esse [o 99942 Apophis] vai ser bastante brilhante, visível ao olho nu em alguns lugares. Com o auxílio de um binóculo, qualquer um vai conseguir enxergá-lo. Vai ser um pontinho brilhante no céu, uma estrela relativamente brilhante".