Firme no presente, suave no futuro? Decisão sobre Selic abala Bolsa, juro e câmbio
Divisão de votos do BC tem forte repercussão no mercado por trazer importantes indicações sobre 2025 The post Firme no presente, suave no futuro? Decisão sobre Selic abala Bolsa, juro e câmbio appeared first on InfoMoney.

Sede do BC, em Brasília – 22/03/2022 (Reuters/Adriano Machado) " data-medium-file="https://www.infomoney.com.br/wp-content/uploads/2024/03/2024-03-21T160937Z_1_LYNXNPEK2K0OU_RTROPTP_4_MACRO-REACAO-COPOM.jpg?fit=300%2C200&quality=70&strip=all" data-large-file="https://www.infomoney.com.br/wp-content/uploads/2024/03/2024-03-21T160937Z_1_LYNXNPEK2K0OU_RTROPTP_4_MACRO-REACAO-COPOM.jpg?fit=1280%2C853&quality=70&strip=all">
A sessão desta quarta-feira (9) foi marcada por uma forte aversão ao risco doméstica, com queda de de 1% do Ibovespa, forte alta dos juros futuros e do dólar.
O que mais chamou a atenção dos investidores é a repercussão da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). O Comitê desacelerou o ritmo de redução da queda dos juros em 0,25pp, para 10,50% ao ano, mas com um placar acirrado da reunião (5×4) que trouxe muitas indicações de como será o colegiado a partir de 2025. Na percepção do mercado, a reunião indicou mais leniência com a inflação à frente por parte da diretoria indicada pela atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que o tom da última reunião tenha sido “hawkish”, ou seja, mostrando preocupação com os preços.
Enquanto isso, no curto prazo, a decisão dos “não indicados” por Lula de reduzir o ritmo de cortes de juros pode renovar as críticas do presidente ao atual comando do BC, levando a mais instabilidade.
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Falando em governo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta que prefere esperar a ata do encontro, que será publicada na próxima terça-feira, para comentar a decisão do Copom. “Eu vou esperar a ata, acho que a ata pode esclarecer melhor o que passou. O comunicado está muito sintético”, afirmou nesta quinta pós-Copom. Haddad falou sobre a sinalização do Copom para as próximas reuniões, algo que não constou neste comunicado, pela primeira vez desde agosto do ano passado. “Acho que o guidance era uma coisa muito importante de se observar”, ressaltou. Analistas também ressaltaram que a eliminação do chamado “forward guidance” acrescenta mais um elemento de incerteza para as decisões.
Com todos esses elementos, o Ibovespa fechou em queda de 1%, a 128.188 pontos, após atingir mínima de 127.375 pontos no dia. Já o dólar comercial fechou com alta de 1,01%, a R$ 5,142 na compra e na venda, os juros futuros saltaram ao longo da curva.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,265%, ante 10,221% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,49%, ante 10,473% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,88%, ante 10,809%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,205%, ante 11,094%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,68%, ante 11,511%.
O movimento ocorre uma vez que, caso a próxima composição do BC corte os juros mesmo com a inflação resiliente, as expectativas de preços podem aumentar, o que pode contratar uma alta de juros forte mais à frente para lidar com os preços.
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Com esse cenário de alta de juros futuros, as grandes baixas do Ibovespa fica para as ações do setor de varejo e consumo (que inclui educacionais e construtoras), como destacado no quadro abaixo. Algumas empresas, como Cogna (COGN3) e MRV (MRVE3) também reagiram aos resultados ou projeções de divulgação. Contudo, algumas empresas também sensíveis a juros se recuperaram ao longo do dia, caso de Magazine Luiza (MGLU3) e LWSA (LWSA3; ex-Locaweb), que divulgam seus resultados nesta quinta-feira (9).
Confira abaixo as maiores quedas do Ibovespa na sessão:
Ação Preço fechamento (R$) Variação (%) 3R Petroleum ON 31,08 -6,67% Lojas Renner ON 15,76 -6,47% Ultrapar ON 25,1 -6,34% Cogna ON 2,17 -5,65% Banco do Brasil ON 27,14 -4,37% Arezzo ON 49,75 -4,29% Eztec ON 13,99 -4,24% CVC Brasil ON 2,27 -4,22% BTG Pactual Unit 33,21 -4,05% B3 ON 11,21 -3,94% Grupo Soma ON 5,85 -3,94% Eletrobras ON 38,11 -3,74% Eletrobras PNA 42,27 -3,69% COPEL PNB 9,24 -3,14%
Entre os poucos ganhos, estão ações de commodities/exportadoras, que ganham com o dólar mais alto, caso de Vale (VALE3).
Entenda a divisão do Copom
De acordo com o comunicado do Copom, a decisão de cortar os juros em 0,25 ponto foi apoiada pelo presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Indicados por Lula, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução maior, de 0,50 ponto percentual.
Apesar da divergência, o comunicado informou que o Comitê, unanimemente, “avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela”.
A separação entre posição mais flexível dos membros da diretoria do BC nomeados por Lula e a visão mais dura dos componentes indicados ou reconduzidos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro pode ampliar incertezas sobre os próximos passos da política monetária, à medida em que novas indicações levem o governo a contar com a maioria de nomeados na diretoria do BC.
Atualmente, a cúpula da autarquia é composta por quatro diretores indicados por Lula, enquanto cinco estão no posto desde a gestão de Bolsonaro. Os próximos mandatos a vencer, em dezembro deste ano, são de Campos Neto, Carolina Barros e Otávio Damaso.
(com Reuters)
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