MINAS GERAIS em FOCO: Sistema de Recirculação de Água (RAS) para a criação de tilápias
Apesar de ser uma atividade rentável, Lamartine Branquinho alerta para a necessidade de conhecimento técnico no manejo do sistema

Piscicultores do Centro-Oeste de Minas, especialmente em Divinópolis e região, estão investindo no Sistema de Recirculação de Água (RAS) para a criação de tilápias. Esse sistema tem se destacado por sua sustentabilidade e alta produtividade, sendo cada vez mais adotado por aqueles que buscam otimizar recursos e aumentar a eficiência da piscicultura.
O que é o Sistema RAS?
O RAS consiste em tanques suspensos feitos de geomembranas, onde a água é tratada e recirculada, o que reduz significativamente o uso de água. De acordo com Lamartine Wéliton Branquinho, coordenador Regional de Pecuária da Emater-MG, esse método permite um manejo eficiente com menor espaço, já que os tanques podem ter de 5 mil até 300 mil litros, e em um tanque de 150 mil litros, por exemplo, é possível criar até 4.500 peixes.
Entre as vantagens do RAS estão:
- Sustentabilidade, devido ao baixo consumo de água.
- Alta produtividade, já que o espaço necessário para a criação é reduzido.
- Produção de peixes de melhor qualidade, sem o contato com barro, o que favorece um ambiente mais controlado e saudável para os peixes.
Desvantagens e Soluções
Porém, o RAS também apresenta alguns desafios. Giovani Chaves, extensionista da Emater-MG, destaca o custo mais alto de implantação em comparação aos tradicionais tanques escavados e a alta demanda de energia elétrica. Para contornar esses problemas, muitos piscicultores estão adotando placas solares, o que reduz os custos com energia e diminui o risco de mortalidade dos peixes em caso de falhas no fornecimento de energia.
Casos de Sucesso
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Adão Alves, com 25 anos de experiência em piscicultura, adotou o RAS há dois anos, criando tilápias em tanques suspensos, além de outros peixes. Com a utilização de dez tanques, ele consegue produzir três toneladas de tilápias por mês em uma área de apenas dois hectares. Ele observa que o sistema permite a criação de peixes de alta qualidade, com produção eficiente em espaços compactos.
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Maria da Conceição Gonzaga e Luiz José Gonzaga, um casal de idosos de Divinópolis, também apostaram no sistema, que têm sido uma atividade simples e rentável para o casal. A produção deles é destinada apenas ao consumo familiar, e a propriedade serve de unidade demonstrativa para outros piscicultores da região.
Manejo Simplificado
O manejo do RAS é relativamente simples e envolve alguns estágios:
- Primeiro tanque: Água limpa é adicionada, com fertilização, onde os alevinos ficam por cerca de 60 dias.
- Tanque de engorda: Após esse período, os peixes são transferidos para o tanque de engorda.
- Tanque de depuração: Os peixes ficam aqui por três dias antes do abate, com um ciclo total de aproximadamente sete a oito meses.
Considerações Finais
Apesar de ser uma atividade rentável, Lamartine Branquinho alerta para a necessidade de conhecimento técnico no manejo do sistema, pois imprevistos podem gerar grandes prejuízos, como a mortalidade de todos os peixes no tanque. O licenciamento ou outorga para a atividade dependerá da quantidade de peixes criados, sendo uma prática regulamentada.
O RAS está se mostrando uma alternativa viável para os piscicultores do Centro-Oeste de Minas, com vantagens econômicas e ambientais, além de ser uma técnica que vem ganhando adesão por sua eficiência e sustentabilidade.