Novo gênero de planta, Roquea, é descoberto em Minas Gerais

Pesquisadores identificam novo gênero de planta no Norte de Minas: Roquea multiserialis

Pesquisadores ligados ao Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas do Espinhaço Mineiro (PAT Espinhaço Mineiro) anunciaram a descoberta de um novo gênero de planta na região de Monte Azul, no Norte de Minas Gerais. A espécie, identificada como Roquea multiserialis, pertence à família Asteraceae, conhecida por incluir plantas como girassóis, dálias e margaridas.

O achado, realizado em dezembro de 2024, foi publicado na revista internacional Phytotaxa, destacando a biodiversidade única da Serra do Espinhaço. Essa região, pouco explorada, tem sido foco de estudos do PAT Espinhaço desde 2022, com o apoio do Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do projeto Pró-Espécies, que viabilizaram expedições à Serra da Formosa, em Monte Azul.

Uma planta adaptada a condições extremas

A Roquea multiserialis apresenta características morfológicas únicas que permitem seu desenvolvimento em ambientes adversos, como solos rasos, altas temperaturas, intensa insolação e escassez de água. De acordo com Benoit Loeuille, do Jardim Botânico Real de Kew, no Reino Unido, essas adaptações tornam a planta um exemplo fascinante da evolução em ambientes extremos.

Homenagem e contexto científico

O nome Roquea foi atribuído em homenagem à Dra. Nadia Roque, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), falecida em outubro de 2024. A homenagem reconhece sua importante contribuição ao estudo da família Asteraceae.

A espécie foi inicialmente identificada em 2018 pelo pesquisador Gustavo Martinelli, mas apenas em 2023, após expedições detalhadas, foi possível confirmar que se tratava de um gênero inédito.

Gênero é uma categoria taxonômica superior à espécie, agrupando organismos com características semelhantes. No caso da Roquea, a multiserialis é a única espécie conhecida até o momento.

Preservação e ameaças

Apesar de sua relevância científica, a Roquea multiserialis já é classificada como criticamente ameaçada de extinção. A planta é conhecida por apenas quatro registros no pico da Serra da Formosa, uma área extremamente restrita.

O professor Guilherme Antar, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), destaca a importância de medidas de preservação: “A espécie tem uma distribuição muito limitada, provavelmente restrita a esta única montanha.”

Valorização da biodiversidade do Norte de Minas

A descoberta integra um esforço maior para catalogar e proteger a flora de Monte Azul, que tem revelado novas espécies, como a Uaizeitona (Chionanthus monteazulensis) e as canelas-de-ema (Vellozia flavida e Vellozia formosa). Os resultados serão apresentados em um livro ilustrado, que visa conscientizar sobre o valor da biodiversidade local e a necessidade de sua preservação.

A equipe do Parque Estadual Caminho dos Gerais também colaborou na pesquisa, reforçando o compromisso com a conservação ambiental no Norte de Minas Gerais.