OMS atualiza lista de DOENÇAS capazes de provocar PANDEMIAS
O relatório da OMS destaca os principais patógenos com capacidade de causar epidemias, como dengue, pneumonia e síndromes respiratórias.

OMS atualiza lista de doenças capazes de provocar pandemias
A OMS divulgou uma lista atualizada de vírus e bactérias que podem causar doenças capazes de desencadear uma nova preocupação mundial.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou a lista de doenças que podem provocar surtos globais, semelhante ao impacto da Covid-19 há pouco mais de quatro anos. A nova lista inclui cerca de 30 micro-organismos que possuem o potencial de se espalhar rapidamente pelo mundo.
O relatório da OMS destaca os principais patógenos com capacidade de causar epidemias, como dengue, pneumonia e síndromes respiratórias. O estudo analisou mais de 1.600 vírus e bactérias, com a colaboração de 200 cientistas de 50 diferentes países, e tem como objetivo alertar a comunidade médica e científica global.
O infectologista Jonas Brandt explica que essas doenças possuem um alto potencial de transmissão, agravado pelo estilo de vida atual. "Hoje em dia, o mundo é globalizado. Por isso, a lista inclui doenças que muitas pessoas nem conhecem, pois são endêmicas em algumas regiões do mundo. No entanto, devido à globalização, essas doenças podem 'escapar' dessas regiões e ganhar uma projeção global significativa", explica o especialista.
Lista atual tem o dobro de patógenos em relação à anterior
Doenças já conhecidas dos brasileiros, como dengue, chikungunya, cólera, pneumonia, febre amarela, salmonelose não-tifoide, doença mão-pé-boca, gripes e outras febres hemorrágicas, agora fazem parte da lista, que tem o dobro de doenças em comparação à versão anterior.
Apesar disso, a OMS destaca que "esta não é uma lista exaustiva e não indica as causas mais prováveis da próxima epidemia". Segundo a entidade, "a OMS revisa e atualiza essa lista conforme necessário e à medida que as metodologias evoluem", ressaltando que essas doenças são tratadas como prioritárias.
O principal objetivo da lista é sensibilizar a comunidade internacional sobre a necessidade de investimentos na preparação para essas doenças. O infectologista Jonas Brandt reforça a importância dessa iniciativa. "Precisamos garantir que nossa vigilância esteja organizada, que nossos laboratórios estejam preparados, que tenhamos ferramentas de controle caso essas doenças surjam, e investir em pesquisa para desenvolver vacinas, tratamentos e estratégias de controle", alerta Brandt.
Em nota, o Ministério da Saúde esclareceu que está intensificando os esforços para lidar com os patógenos listados pela OMS, focando em três frentes principais: preparação robusta, vigilância eficaz e resposta oportuna às emergências em saúde pública (ESP). A pasta colabora ativamente com organizações internacionais, incluindo o compartilhamento de informações críticas, participação em iniciativas globais de preparação e resposta a pandemias, e adoção de melhores práticas recomendadas internacionalmente.
Monkeypox
Um exemplo destacado pelo infectologista é a Monkeypox, uma doença infecciosa causada pelo vírus mpox, que afeta seres humanos e outros animais. Os principais sintomas incluem febre e erupções na pele, além de calafrios e inchaço de pequenas glândulas, especialmente em regiões próximas ao pescoço. A doença ganhou destaque no Brasil em 2022, quando mais de 33 mil casos foram registrados. Originalmente endêmica na África, a Monkeypox acabou se espalhando globalmente. "Hoje, temos ocorrências em várias partes do mundo, introduzidas a partir de um surto ocorrido na Europa em 2022", explica Brandt.
Outras doenças prioritárias listadas pela OMS
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Febre de Lassa: Uma infecção por arenavírus, frequentemente fatal, que ocorre principalmente na África Ocidental e pode afetar múltiplos órgãos. O diagnóstico é feito por testes de sorologia e PCR, e o tratamento com ribavirina intravenosa.
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Febre hemorrágica argentina: Um grupo de doenças infecciosas causadas por vírus que afetam o sistema vascular e podem provocar doenças multissistêmicas graves.
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Cólera: Uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação fecal-oral direta ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados, frequentemente causando diarreia leve ou sendo assintomática.
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Shigelose: Uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Shigella, caracterizada por dor abdominal, diarreia com sangue, pus ou muco, febre, vômitos e tenesmo, geralmente surgindo um ou dois dias após a exposição.
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Salmonela: Uma bactéria que causa intoxicação alimentar e, em casos raros, pode levar a infecções graves e até mesmo à morte. A transmissão ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com fezes de animais.
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Pneumonia: Uma infecção nos pulmões, que pode acometer os alvéolos pulmonares e, às vezes, os interstícios, causada por vários micro-organismos, incluindo bactérias, vírus e fungos.
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Síndrome Respiratória Aguda Grave: Entre as doenças que causam essa síndrome estão as infecções pulmonares (pneumonias) causadas por micro-organismos, como bactérias, vírus e até fungos, incluindo o coronavírus SARS-CoV-2.
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Zika: Transmitido pela picada de mosquito infectado, o Zika é uma doença febril autolimitada, semelhante à chikungunya e à dengue. Durante a gestação, pode causar complicações neurológicas, como microcefalia congênita em fetos e recém-nascidos.
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Covid-19: Uma infecção respiratória causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, com alta transmissibilidade. A infecção ocorre por exposição a fluidos respiratórios através da inalação de gotículas, deposição de gotículas em membranas mucosas ou contato direto com as membranas mucosas com mãos contaminadas por fluidos respiratórios.