Pesquisadores da Unesp do interior de SP descobrem potencial de óleo no combater ao vírus da zika
Estudo feito por pesquisadores da Unesp de Rio Preto (SP) pode representar evolução e abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas. Marília de Freitas Calmon (à esquerda) ao lado da aluna de Doutorado, Tamara de Carvalho (à direita) Marília Calmon/Arquivo pessoal Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, descobriu o potencial do óleo de copaíba, planta usada por indígenas da região amazônica para tratar doenças de pele, para combater o vírus da zika (ZIKV). ???? Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Conforme a Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou o estudo, há cerca de oito anos, o zika se revelou capaz de causar em bebês uma síndrome congênita que inclui alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras. Em adultos, a doença também pode provocar transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré. Até o momento, contudo, não há vacinas ou opções específicas para tratar a infecção. Testes 'in vitro' foram feitos por pesquisadores do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp, em Rio Preto (SP) Fapesp/Divulgação Por isso, a pesquisadora do Laboratório de Estudos Genômicos da Unesp, Marília de Freitas Calmon, explicou ao g1 que a pesquisa pode representar uma evolução, já que o óleo indica caminhos para o desenvolvimento de terapias para a doença, e abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas. “O grupo de pesquisa ficou muito satisfeito com estes resultados e isto nos motiva a continuarmos realizando estudos para a descoberta de novos antivirais, sejam naturais ou sintéticos para a prevenção ou tratamento de doenças infecciosas”, celebrou a pesquisadora. Etapas Campus da Unesp em Rio Preto Renato Pavarino/G1 Conforme a pesquisadora, o estudo faz parte de uma das linhas de pesquisa do laboratório que é a identificação de novos antivirais contra diversos vírus, principalmente contra os arbovírus zika, chikungunya e mayaro, que causam doenças em humanos e que ainda não possuem um tratamento específico. A pesquisa foi iniciada com ensaios que confirmaram a estabilidade das nanoemulsões - dispersões onde o tamanho das gotas estão em escala nanométrica - do óleo por 60 dias, quando armazenadas a 4°C, e sua capacidade de ser internalizada pelas células infectadas pelo vírus. Na sequência, foram feitos tratamentos simultâneos com a nanoemulsão em células infectadas a uma concentração máxima, não tóxica, de 180 microgramas por mililitro. Os resultados foram comparados com os de outra formulação sem o óleo de copaíba. No resultado do teste, foi observada uma inibição viral de 80% para a versão com o óleo e de 70% para a versão sem, ou seja, tanto a estrutura da nanoemulsão quanto sua associação com o óleo apresentaram a atividade. Segundo a Fapesp, os pesquisadores também fizeram um teste de dose-dependência para verificar se uma concentração aumentada melhoraria a capacidade de inibição nos níveis de RNA viral, o que foi confirmado. Próximo passos Segundo a Fapesp, apesar dos resultados promissores, os pesquisadores são cautelosos: como a nanoemulsão sem óleo também apresentou atividade antiviral, existe a possibilidade de parte do efeito estar relacionada à composição da lecitina do ovo presente na estrutura da nanoemulsão. Outros estudos já demonstraram, inclusive, capacidade inibitória de nanoemulsão lipídica derivada de alimentos naturais. Além disso, faltam detalhes sobre como a replicação do vírus da Zika é inibida. A coordenadora da pesquisa explica que são necessários estudos adicionais para identificar, por exemplo, em quais etapas isso ocorre. “Com essas informações, seria possível determinar a maneira como um futuro medicamento poderia ser utilizado: como pré-tratamento ou após a infecção”, acredita a pesquisadora. Por enquanto, a prevenção se mantém como a melhor maneira de combater a doença, de acordo com o Ministério da Saúde, que recomenda evitar acúmulo de água em calhas, caixas d’água abertas, lajes, pneus e vasos, locais onde o Aedes aegypti deposita seus ovos. Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba. VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM


Estudo feito por pesquisadores da Unesp de Rio Preto (SP) pode representar evolução e abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas. Marília de Freitas Calmon (à esquerda) ao lado da aluna de Doutorado, Tamara de Carvalho (à direita) Marília Calmon/Arquivo pessoal Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, descobriu o potencial do óleo de copaíba, planta usada por indígenas da região amazônica para tratar doenças de pele, para combater o vírus da zika (ZIKV). ???? Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Conforme a Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou o estudo, há cerca de oito anos, o zika se revelou capaz de causar em bebês uma síndrome congênita que inclui alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras. Em adultos, a doença também pode provocar transtornos neurológicos, como a síndrome de Guillain-Barré. Até o momento, contudo, não há vacinas ou opções específicas para tratar a infecção. Testes 'in vitro' foram feitos por pesquisadores do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Unesp, em Rio Preto (SP) Fapesp/Divulgação Por isso, a pesquisadora do Laboratório de Estudos Genômicos da Unesp, Marília de Freitas Calmon, explicou ao g1 que a pesquisa pode representar uma evolução, já que o óleo indica caminhos para o desenvolvimento de terapias para a doença, e abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas. “O grupo de pesquisa ficou muito satisfeito com estes resultados e isto nos motiva a continuarmos realizando estudos para a descoberta de novos antivirais, sejam naturais ou sintéticos para a prevenção ou tratamento de doenças infecciosas”, celebrou a pesquisadora. Etapas Campus da Unesp em Rio Preto Renato Pavarino/G1 Conforme a pesquisadora, o estudo faz parte de uma das linhas de pesquisa do laboratório que é a identificação de novos antivirais contra diversos vírus, principalmente contra os arbovírus zika, chikungunya e mayaro, que causam doenças em humanos e que ainda não possuem um tratamento específico. A pesquisa foi iniciada com ensaios que confirmaram a estabilidade das nanoemulsões - dispersões onde o tamanho das gotas estão em escala nanométrica - do óleo por 60 dias, quando armazenadas a 4°C, e sua capacidade de ser internalizada pelas células infectadas pelo vírus. Na sequência, foram feitos tratamentos simultâneos com a nanoemulsão em células infectadas a uma concentração máxima, não tóxica, de 180 microgramas por mililitro. Os resultados foram comparados com os de outra formulação sem o óleo de copaíba. No resultado do teste, foi observada uma inibição viral de 80% para a versão com o óleo e de 70% para a versão sem, ou seja, tanto a estrutura da nanoemulsão quanto sua associação com o óleo apresentaram a atividade. Segundo a Fapesp, os pesquisadores também fizeram um teste de dose-dependência para verificar se uma concentração aumentada melhoraria a capacidade de inibição nos níveis de RNA viral, o que foi confirmado. Próximo passos Segundo a Fapesp, apesar dos resultados promissores, os pesquisadores são cautelosos: como a nanoemulsão sem óleo também apresentou atividade antiviral, existe a possibilidade de parte do efeito estar relacionada à composição da lecitina do ovo presente na estrutura da nanoemulsão. Outros estudos já demonstraram, inclusive, capacidade inibitória de nanoemulsão lipídica derivada de alimentos naturais. Além disso, faltam detalhes sobre como a replicação do vírus da Zika é inibida. A coordenadora da pesquisa explica que são necessários estudos adicionais para identificar, por exemplo, em quais etapas isso ocorre. “Com essas informações, seria possível determinar a maneira como um futuro medicamento poderia ser utilizado: como pré-tratamento ou após a infecção”, acredita a pesquisadora. Por enquanto, a prevenção se mantém como a melhor maneira de combater a doença, de acordo com o Ministério da Saúde, que recomenda evitar acúmulo de água em calhas, caixas d’água abertas, lajes, pneus e vasos, locais onde o Aedes aegypti deposita seus ovos. Veja mais notícias da região em g1 Rio Preto e Araçatuba. VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM