Prazo para PGR se manifestar sobre estadia de Bolsonaro na embaixada termina nesta sexta-feira

Ex-presidente ficou nas dependências da Hungria em Brasília por dois dias em fevereiro após ter passaporte retido pela PF

Prazo para PGR se manifestar sobre estadia de Bolsonaro na embaixada termina nesta sexta-feira





Bolsonaro se hospedou na Embaixada da Hungria Tânia Rêgo/Agência Brasil - 29.6.2023 A Procuradoria-Geral da República (PGR) tem até sexta-feira (5) para responder o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a respeito das explicações dadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a hospedagem de dois dias na Embaixada da Hungria, em Brasília, no mês de fevereiro. O magistrado vai analisar o caso após receber o parecer do órgão, chefiado atualmente por Paulo Gonet.  Veja também Brasília Moraes dá 5 dias para PGR se manifestar sobre caso de Bolsonaro na embaixada da Hungria Brasília Moraes dá 48 horas para Bolsonaro explicar hospedagem de 2 dias na Embaixada da Hungria, diz defesa Brasília Bolsonaro ficou dois dias na Embaixada da Hungria após ter passaporte retido pela PF, diz jornal   Moraes é relator do caso que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro na presidência após as eleições de 2022. O episódio da embaixada foi incluído nesse inquérito. A defesa do ex-presidente explicou ao gabinete do ministro do STF que havia ausência de preocupação com a prisão preventiva e que"é ilógico sugerir que a visita dele à embaixada [da Hungria] e um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga". Bolsonaro teve o passaporte confiscado pela PF em 8 de fevereiro. Quatro dias depois, o ex-presidente estava na porta da Embaixada da Hungria, esperando para entrar nas dependências, conforme mostram imagens da câmera de segurança da estrutura do governo húngaro, reveladas pelo jornal norte-americano New York Times. A estada sugere que o ex-presidente estava tentando alavancar a amizade com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. Na segunda-feira (25), Moraes deu 48 horas para a defesa do ex-presidente apresentar explicações sobre a movimentação. Em documento enviado à Suprema Corte, os advogados afirmaram que, à época da estada, não faria sentido um pedido de asilo político. Bolsonaro não poderia ser preso caso estivesse na embaixada da Hungria, porque as representações diplomáticas são territórios invioláveis, onde as autoridades brasileiras não têm jurisdição. Segundo a defesa, apesar de não ser mais presidente, Bolsonaro mantém agendas políticas nacionais e internacionais, especialmente com governos com os quais tem "notório alinhamento", como é o caso da Hungria, comandada pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, também de direita. Os advogados defendem ainda que afirmações de que o ex-chefe do Executivo pediria asilo político à Hungria são "equivocadas".      Estada     Um funcionário da embaixada húngara confirmou os planos de receber Bolsonaro no local. Segundo o New York Times, às 21h34 do dia 12, um carro preto apareceu no portão da embaixada. Um homem saiu do veículo batendo palmas para chamar a atenção de alguém lá dentro. Três minutos depois, Miklós Halmai, embaixador do país no Brasil, abriu o portão e indicou onde estacionar. O jornal diz que Bolsonaro e dois homens, que parecem ser seguranças, saíram do veículo e o embaixador os conduziu para dentro. Depois de conversar brevemente, os quatro homens entraram no elevador. Nas duas horas seguintes, funcionários da embaixada fizeram várias viagens em direção a uma área do edifício onde havia dois apartamentos de hóspedes. Eles carregaram roupas de cama, água e outros itens, até que a atividade parou por volta das 23h40. Na manhã seguinte, às 7h26, Halmai saiu da área residencial e usou seu telefone, de acordo com a reportagem. Meia hora depois, o embaixador e outro homem trouxeram uma cafeteira para a área residencial. Durante o resto do dia, os funcionários húngaros percorreram o terreno da embaixada. Bolsonaro passeou pelo estacionamento da embaixada com um de seus seguranças no início da noite. Por duas vezes, os seguranças de Bolsonaro foram embora. "Perto do almoço, um guarda voltou com o que parecia ser uma pizza. Às 20h38, um guarda voltou ao estacionamento da embaixada com outro homem no banco de trás. Carregando uma sacola, aquele homem entrou na área residencial onde Bolsonaro parecia estar hospedado. O homem saiu 38 minutos depois. Quando o carro partiu, um homem parecido com Bolsonaro saiu da área residencial para assistir", diz a matéria. Leia também PF afirma que Bolsonaro transferiu R$ 800 mil para conta nos EUA antes de viajar PF diz que dados da investigação confirmam que Bolsonaro editou 'minuta do golpe' Crimes de Bolsonaro apontados pela PF podem levar a até 15 anos de prisão No dia 14 de fevereiro, Bolsonaro é visto pela primeira vez nas imagens da câmera de segurança às 16h14, quando ele e seus dois guardas saíram da área residencial carregando duas mochilas e se dirigiram diretamente para o carro. O embaixador da Hungria seguiu atrás, observou o carro partir e acenou em despedida, mostram as imagens.