Superação: uma jornada pessoal e não linear
Quando viajamos, por mais aprazível e divertido que seja o lugar, chega um momento em que sentimos saudades da nossa casa, das nossas coisas, da nossa cama, enfim, da nossa rotina. É em nossa casa que nos sentimos seguros e relaxados. Não importa o tamanho ou a beleza dela, mas sim a sensação de aconchego e pertencimento que nos traz. Porém, infelizmente, nem todo mundo desfruta disso. Acompanhamos, nas últimas semanas, comovidos e assustados, as enchentes no Rio Grande do Sul, onde milhares de pessoas foram afetadas. Casas inteiras foram submersas e, com elas, móveis, roupas, objetos e lembranças. De repente, essas pessoas se viram obrigadas a buscar abrigo em locais provisórios. A própria casa, lugar que sempre foi símbolo de estabilidade, ponto de referência emocional, transformou-se em perda. Junto com a dor, veio o vazio e a inevitável pergunta: o que virá pela frente? Cada tipo de tragédia, seja uma perda, acidente, doença ou violência, traz consigo um conjunto de desafios psicológicos, emocionais e físicos. Muitos desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático, com sintomas como pensamentos invasivos e recorrentes que lembram o trauma, estado de alerta aumentado, distúrbio do sono, isolamento, apatia, irritabilidade, acompanhados de sintomas físicos como tremores, suor e taquicardia Os prejuízos materiais, psicológicos e emocionais das vítimas de uma tragédia são inegáveis e será necessário um tempo, que varia de pessoa para pessoa, para reorganizarem internamente e elaborarem as perdas, uma vez que o processo de superação é uma jornada pessoal, complexa e não linear. Não há um padrão para a superação, mas a resiliência -capacidade de se adaptar às adversidades e se recuperar após um golpe emocional- é fundamental. Neste momento, o sistema de crenças de cada um e a avaliação positiva ou negativa que cada pessoa faz de si mesmo determinarão a capacidade de interpretar os acontecimentos, apesar da dor, como algo a ser desafiado ou não. E mesmo sem um padrão para as formas de superação, é essencial permitir-se sentir tristeza, frustração, raiva e medo, e expressá-los de maneira adequada. Situações mal resolvidas podem gerar impactos negativos na saúde mental. Superar tragédias não significa banalizar o ocorrido e seguir em frente de qualquer jeito. Ignorar ou reprimir os sentimentos dificulta o processo de elaboração do luto, simbólico ou não. É preciso ressignificar os sentimentos através de um processo de reconstrução com um propósito: transformar a dor em uma oportunidade de fortalecimento pessoal. Não é um processo fácil, mas possível. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga


Quando viajamos, por mais aprazível e divertido que seja o lugar, chega um momento em que sentimos saudades da nossa casa, das nossas coisas, da nossa cama, enfim, da nossa rotina. É em nossa casa que nos sentimos seguros e relaxados. Não importa o tamanho ou a beleza dela, mas sim a sensação de aconchego e pertencimento que nos traz. Porém, infelizmente, nem todo mundo desfruta disso. Acompanhamos, nas últimas semanas, comovidos e assustados, as enchentes no Rio Grande do Sul, onde milhares de pessoas foram afetadas. Casas inteiras foram submersas e, com elas, móveis, roupas, objetos e lembranças. De repente, essas pessoas se viram obrigadas a buscar abrigo em locais provisórios. A própria casa, lugar que sempre foi símbolo de estabilidade, ponto de referência emocional, transformou-se em perda. Junto com a dor, veio o vazio e a inevitável pergunta: o que virá pela frente? Cada tipo de tragédia, seja uma perda, acidente, doença ou violência, traz consigo um conjunto de desafios psicológicos, emocionais e físicos. Muitos desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático, com sintomas como pensamentos invasivos e recorrentes que lembram o trauma, estado de alerta aumentado, distúrbio do sono, isolamento, apatia, irritabilidade, acompanhados de sintomas físicos como tremores, suor e taquicardia Os prejuízos materiais, psicológicos e emocionais das vítimas de uma tragédia são inegáveis e será necessário um tempo, que varia de pessoa para pessoa, para reorganizarem internamente e elaborarem as perdas, uma vez que o processo de superação é uma jornada pessoal, complexa e não linear. Não há um padrão para a superação, mas a resiliência -capacidade de se adaptar às adversidades e se recuperar após um golpe emocional- é fundamental. Neste momento, o sistema de crenças de cada um e a avaliação positiva ou negativa que cada pessoa faz de si mesmo determinarão a capacidade de interpretar os acontecimentos, apesar da dor, como algo a ser desafiado ou não. E mesmo sem um padrão para as formas de superação, é essencial permitir-se sentir tristeza, frustração, raiva e medo, e expressá-los de maneira adequada. Situações mal resolvidas podem gerar impactos negativos na saúde mental. Superar tragédias não significa banalizar o ocorrido e seguir em frente de qualquer jeito. Ignorar ou reprimir os sentimentos dificulta o processo de elaboração do luto, simbólico ou não. É preciso ressignificar os sentimentos através de um processo de reconstrução com um propósito: transformar a dor em uma oportunidade de fortalecimento pessoal. Não é um processo fácil, mas possível. Créditos: Joselene L. Alvim- psicóloga