Variantes do Covid-19 se fortalecem e voltam a preocupar
“A OMS classificou a XEC como uma variante em observação, principalmente pelo aumento de sua transmissibilidade. Em questão de meses, ela já se espalhou por diversos países, incluindo Brasil, Alemanha e outras 35 nações nas Américas, Europa, Ásia e Oceania”

Covid-19: Nova variante XEC pode ser mais transmissível
A nova variante XEC da Covid-19, detectada nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, apresenta um potencial de transmissão elevado, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora não tenha sido considerada uma variante de alta gravidade, especialistas alertam que sua disseminação rápida merece atenção. A virologista Paola Resende, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), reforçou que a XEC já está sob monitoramento global pela OMS devido ao seu rápido avanço, alcançando vários continentes em poucos meses.
“A OMS classificou a XEC como uma variante em observação, principalmente pelo aumento de sua transmissibilidade. Em questão de meses, ela já se espalhou por diversos países, incluindo Brasil, Alemanha e outras 35 nações nas Américas, Europa, Ásia e Oceania”, afirmou Resende.
Identificação e Expansão Global
Identificada pela primeira vez em junho de 2024 na Alemanha, a variante XEC tem se espalhado rapidamente. No Brasil, a linhagem foi confirmada após o sequenciamento genético de amostras de swab nasal de pacientes diagnosticados no Rio de Janeiro e em São Paulo entre agosto e outubro. Santa Catarina também reportou casos, com amostras coletadas em setembro.
Apesar da sua alta transmissibilidade, até o momento não há indícios de aumento significativo no número de casos graves relacionados à nova variante no Brasil. A virologista explica que a população brasileira pode ter um certo grau de proteção devido à memória imunológica adquirida ao longo das ondas anteriores da pandemia, como a circulação da variante Gama (P.1).
Características da Variante XEC
A XEC pertence à família da Ômicron e é fruto de uma recombinação genética de duas variantes virais, fenômeno que ocorre quando uma pessoa é infectada simultaneamente por duas linhagens diferentes. Segundo a infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, essa recombinação originou a XEC, que compartilha características com a variante JN.1, amplamente circulante no hemisfério norte.
“As vacinas atualmente disponíveis oferecem proteção contra essa nova variante, já que a XEC deriva da linhagem JN.1. Portanto, não esperamos um impacto negativo significativo em relação à eficácia vacinal”, explica Stucchi.
Resposta Imunológica e Monitoramento
Paola Resende destaca que, apesar de ser mais transmissível, a XEC não tem mostrado capacidade de escapar da resposta imunológica proporcionada pelas vacinas existentes. A OMS continua acompanhando de perto a evolução dessa e de outras variantes e já recomendou, em sua reunião de abril de 2024, a reformulação das vacinas com base na linhagem JN.1. A próxima reunião está prevista para dezembro.
No Brasil, a predominância da variante JN.1 ainda se mantém, conforme dados da vigilância genômica conduzida pela Fiocruz. O Ministério da Saúde, em parceria com laboratórios regionais, continua a monitorar e sequenciar amostras para detectar novas variantes, embora a coleta de dados seja desafiada pela prevalência de casos leves que frequentemente são testados apenas por exames rápidos.
Manter a vigilância genômica ativa é fundamental para identificar possíveis mudanças no comportamento do vírus e garantir respostas rápidas no combate à pandemia.